Um Novo Capítulo em Espanha

No início deste ano, a minha família e eu embarcámos numa grande aventura, uma mudança da Califórnia para Espanha. Os últimos mais de 2 anos a lidar com a Covid-19 e a trabalhar remotamente cristalizaram alguns dos sonhos que a minha família e eu temos sobre o futuro.

O tema de Espanha começou na verdade há 13 anos, no dia em que conheci o meu marido. Ele acabara de regressar de um programa de estudos no estrangeiro em Barcelona e eu já sabia que gostava dele antes mesmo de nos conhecermos. Falámos sobre o quanto o país lhe tinha conquistado o coração e ele estava triste por voltar para São Francisco. Lembro-me de pensar então, não seria bom viver lá, e o tema de mudar para Espanha estava sempre a surgir ao longo dos anos. 

Sete anos depois de nos conhecermos, decidimos planear uma grande viagem juntos: Espanha. Estava tão entusiasmado por explorar um país sobre o qual tinha ouvido tanto falar e com o qual sentia uma profunda ligação de alma. Digamos apenas que a viagem não desiludiu e passei os 6 anos seguintes a tentar encontrar uma forma de voltar.

Há cerca de quatro anos, a tragédia atingiu a nossa família. O meu marido e eu tivemos de dizer adeus ao nosso melhor amigo, o pai do meu marido, Mark, que morreu subitamente de cancro nos rins e ficámos devastados. O pai do meu marido, Mark, tinha sido um dos nossos companheiros de viagem, éramos como os três mosqueteiros a viajar pela Europa e a colecionar memórias épicas juntos. Ele era sempre a nossa rocha e inspirava alegria em todos os que tiveram a sorte de o conhecer. Perdê-lo foi tão devastador que me lembro de pensar que nunca encontraríamos uma saída para o luto. 

Três meses depois descobrimos que estávamos grávidos do nosso primeiro filho. Foi um momento agridoce, estávamos incrivelmente felizes por finalmente nos tornarmos pais, mas também muito tristes por nunca podermos partilhar essa alegria com o Mark. Recebemos a nossa filha Marcella, chamada em homenagem ao avô, na mesma semana do primeiro aniversário do falecimento do Mark. Com ternura, atravessámos esses primeiros dias da parentalidade com altos e baixos incríveis. 

Depois a Covid-19 chegou e parecia que a vida não nos ia dar nenhuma pausa. A rotina tranquila do isolamento social deixou-nos explorar o que queríamos da vida e o que íamos fazer quando esta provação terminasse. A nossa casa não parecia um lugar onde queríamos ficar a longo prazo, por isso sabíamos que uma mudança era iminente. Foi então que decidi voltar a falar de Espanha. Desta vez, em vez de "isso não será viável por agora", encontrei uma discussão mais aberta por parte do meu parceiro. Aproveitei essa pequena abertura e entrei com força. 

O meu marido e eu finalmente concluímos que, depois de todos os momentos difíceis que passámos, a vida é demasiado curta e devemos seguir os nossos sonhos agora. Assim que tive luz verde para Espanha, começámos a agir rapidamente. Casámo-nos nesse verão para facilitar a papelada do visto, mas também porque já estava mais do que na hora. O nosso casamento foi um sonho, o perfeito dia de verão ensolarado em julho.

Eu e a Marcella no dia do nosso casamento, a desfrutar de comida deliciosa. 

À maneira típica da Covid-19, o nosso casamento foi só nós três e a minha amiga fotógrafa Debbie como testemunha. 

A papelada para os nossos vistos não foi brincadeira, e parecia que demorava uma eternidade. Estávamos simultaneamente a preparar um pedido de cidadania italiana, por isso a minha vida consistiu em papelada durante 9 meses. Mais sobre a nossa cidadania italiana mais tarde, este post é dedicado a Espanha! Não decidimos a cidade em Espanha até mais tarde nesse ano, Barcelona acabou por preencher todos os requisitos em termos de cultura, clima e localização central para que pudéssemos viajar facilmente para outras partes de Espanha. 

Não me interpretes mal, não foi tudo um mar de rosas, eu estava tão assustada durante todo o processo e até tive um enorme ataque de pânico quando estávamos a caminho do aeroporto. Foi tão difícil dizer adeus à nossa família e amigos na Califórnia e estávamos definitivamente preocupados se estávamos a tomar a decisão certa.

A mudança foi um espetáculo, navegámos por 3 aeroportos com um cão, um bebé e 2 carrinhos de bagagem cheios até cima com os nossos únicos pertences. Não dormimos durante cerca de 3 dias e, relutantemente, dependíamos do pessoal do aeroporto e dos oficiais da alfândega. Cheios de adrenalina da nossa aventura, perseverámos e finalmente chegámos a Barcelona sem grandes problemas.

Tivemos de fazer uma paragem em New Jersey para o nosso cão fazer uma pausa para ir à casa de banho antes da última etapa sobre o Atlântico. Não foi divertido carregar e descarregar toda a nossa bagagem quatro vezes. Felizmente, não temos de fazer isso outra vez!

Acordar em Barcelona depois de uma longa sesta. Feliz por finalmente estar aqui, mas o trabalho estava longe de acabar. 

Antes de procurarmos apartamentos em Barcelona, decidimos fazer uma viagem a Valência e Sevilha. Foi um descanso bem-vindo depois de todo o trabalho árduo dos meses anteriores.  

Depois da nossa curta pausa de inverno, voltámos a instalar-nos em Barcelona. Estávamos a bater em portas fechadas com todas as nossas consultas de aluguer porque não permitiam cães em muitos apartamentos e começámos a comprometer-nos com os bairros, apenas desesperados por encontrar algo. O primeiro lugar que vimos não era nada adequado, primeiro porque chegámos muito atrasados porque o cão e o bebé decidiram ter um acidente a caminho da porta. Depois, quando lá chegámos, o pátio traseiro dava-me pânico porque era muito perigoso para um bebé curioso.

Sentindo-nos um pouco derrotados, voltámos à estaca zero. Então, do nada, recebemos uma chamada sobre o primeiro apartamento que tinha encontrado meses antes. A papelada falhou com o candidato anterior e, magicamente, voltou ao mercado. O que foi ainda mais incrível foi que fomos a primeira pessoa na lista para o ver. Era o lugar perfeito, o orçamento e o bairro que queríamos, além de muitos outros aspetos especiais e únicos. Também permitiam cães, finalmente! Claro que o apanhámos logo e depois sentimos que o Mark, o meu falecido sogro, tinha preparado tudo para nós. 

O nosso caminho privado perfeito para a Marcella brincar com as crianças da vizinhança. 

Lar doce lar! Foi amor à primeira vista.

Tivemos de mobilar o apartamento inteiro de cima a baixo, pois não podíamos trazer nenhum dos nossos móveis da Califórnia. Esta foi a parte divertida! Adorámos montar a casa com peças de mobiliário pensadas que refletiam os nossos valores. Tudo o que trazemos tem muita consideração e estamos a tentar ser o mais minimalistas possível. O primeiro mês foi como acampar, nem sequer tivemos cobertores adequados até à segunda semana. Além disso, era meio do inverno!

Até agora, a nossa vida aqui tem sido incrível, estamos a conhecer muitas pessoas novas. Abraçámos de coração a cultura espanhola e catalã e cada dia é uma nova aventura. Atividades rotineiras simples são divertidas e também humildes, pois ainda há uma curva de aprendizagem. Estamos ansiosos por partilhar mais da nossa aventura à medida que os meses passam.

Continua...